O futuro da mobilidade passa por transformar a maneira como nos movemos nas cidades de maneira mais sustentável, e isso passa por mudar a nossa matriz de energia.
Estudos apontam que nas cidades os automóveis são responsáveis por 72% das emissões de gases de efeito estufa.
Diversas frentes impulsionam a transformação da indústria, com o objetivo de controlar as emissões, pensar em formas de criar um novo cenário de mobilidade efetivamente sustentável e fazer disso uma oportunidade de desenvolvimento.
Mas ainda são muitos os obstáculos para unir mobilidade e sustentabilidade no Brasil. Listamos abaixo algumas questões que se apresentam como desafios para a transição para a mobilidade mais limpa e eficiente.
Emissão de poluentes
Os dados de emissões relacionadas diretamente ou indiretamente à mobilidade urbana mostram como é sensível e urgente a necessidade de repensar as maneiras como nos locomovemos.
Neste contexto, diversos governos já introduziram regulamentações que visam à redução da emissão de poluentes. O programa apresentado pela União Europeia, por exemplo, busca alinhar políticas de clima, energia, uso da terra, transporte e tributação para reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa em pelo menos 55% até 2030.
Importante considerar sempre que quando se fala em uma mobilidade urbana sustentável não se trata apenas da troca de frota e uso mais consciente por parte da população. O desafio vai muito além, incluindo toda a cadeia produtiva dos mais diversos tipos de veículos que precisam mensurar sua pegada de carbono e traçar caminhos para reduzir suas emissões com processos mais sustentáveis — tanto no que diz respeito ao gasto energético, materiais utilizados, eficiência da cadeia de valor, entre outros pontos.
Biocombustíveis
Impossível falar sobre a mobilidade do futuro sem entender o contexto atual dos biocombustíveis. Para se ter ideia das cifras que envolvem o desenvolvimento de combustíveis sustentáveis, estima-se que sejam investidos no setor até US$ 50 bilhões até 2025.
Considerado como pilar fundamental para o atingimento das metas globais de descarbonização, dos combustíveis sustentáveis precisam ser pauta nos mais diversos segmentos de atuação dentro do mercado de transporte Em alguns contextos, a migração para uma economia limpa se mostra particularmente desafiadora, como aviação e transporte rodoviário de serviços pesados, por exemplo.
Neste cenário, de acordo com análise realizada pela McKinsey, o crescimento em combustíveis sustentáveis até 2035 deve ser impulsionado inicialmente pelo transporte rodoviário, sendo seguido pela aviação. Segundo dados da consultoria, até 2050, a parcela de combustíveis sustentáveis no mercado de transporte pode chegar a 37%, dependendo do país em questão.
Alguns desafios acerca da regulamentação dos biocombustíveis e a demanda por matéria-prima são alguns dos principais a serem enfrentados nos próximos anos.
Falta de infraestrutura
Um dos caminhos de se reduzir as emissões de carbono relacionadas à mobilidade urbana é reduzir o uso de automóveis movidos à combustão de combustíveis fósseis. No entanto, para que isso seja viável à população é preciso oferecer possibilidades seguras e viáveis para que sejam adotadas novas formas de deslocamentos mais sustentáveis, como a bicicleta.
Porém, a falta de infraestrutura adequada ainda se mostra um desafio a ser superado. Ciclovias, vias adaptadas e seguras, calçadas em boas condições, entre outros pontos, ainda não são a realidade em boa parte das cidades do país.
Ainda há muito o que se precisa melhorar para quem deseja optar pela bicicleta como meio de transporte.
Comportamento do consumidor
De forma lenta e gradual, investir em um carro próprio tem deixado de ser o sonho principal dos brasileiros. Isso porque tem-se aumentado a consciência e a disposição de aceitar modos de mobilidade alternativos e sustentáveis, já que a questão tem ganhado força, principalmente entre os mais jovens.
Exemplo disto é que, apesar dos veículos particulares continuarem sendo o meio de transporte mais popular em quase todos os países, em países europeus a mobilidade compartilhada tem dados que confirmam sua tendência de crescimento. Segundo dados da McKinsey, mais de 20% dos alemães pesquisados dizem que já usam serviços de carona, o que pode ajudar a reduzir as milhas percorridas e as emissões dos veículos.
Porém, especialmente em países subdesenvolvidos, essa mentalidade ainda dá seus primeiros passos e o desejo pela compra do seu próprio carro mostra-se como um desafio para que a mobilidade urbana deixe de ter o automóvel como principal modal.
Alto preço dos carros elétricos
A eletrificação dos veículos é uma tendência que está diretamente relacionada à mobilidade sustentável. Porém, ainda é uma realidade distante e altamente custosa para o padrão de vida da maioria da população brasileira.
Em todo o mundo, as vendas de veículos elétricos aumentaram consideravelmente, impulsionadas pelos subsídios de compra, queda nos custos de bateria, regulamentações de economia de combustível e melhorias de produtos.
O lançamento de novos carros elétricos no mercado é um primeiro passo importante, para garantir a adoção rápida e abrangente da mobilidade elétrica. Porém, seu alto custo o torna opção inviável para a massificação desse tipo de veículo no país, e sua consequente contribuição para a mobilidade urbana sustentável. De acordo com dados da McKinsey, os veículos eletrificados precisam representar 75% de todas as vendas de carros de passeio na próxima década para ajudar a atingir emissões líquidas zero.
Pensar na mobilidade urbana sustentável é pensar na qualidade de vida e segurança da população e também na eficiência do trânsito nas cidades, que tem sido um desafio cada vez mais urgente de se resolver. Essas questões devem ser trazidas ao debate para se encontrar as melhores soluções.
Os desafios da mobilidade urbana sustentável was originally published in economialimpa on Medium, where people are continuing the conversation by highlighting and responding to this story.