Se você acompanha a pauta da sustentabilidade e se preocupa com a questão, é bastante provável que já tenha lido a respeito da busca pela descarbonização da indústria. O objetivo é fazer com que a economia global seja regida com emissões reduzidas de dióxido de carbono (C2), a fim de se alcançar a neutralidade climática por meio da transição energética, com uso de fontes renováveis.
Os efeitos das mudanças climáticas podem afetar a população em cenários de estresse por calor, seca agrícola, inundações e estresse hídrico urbano. De acordo com análise da McKinsey, para um aquecimento de 2ºC, mais da metade da população total do mundo poderia estar exposta a pelo menos um risco climático.
Diante dessa ameaça tão próxima de uma crise climática, o Acordo de Paris, um compromisso internacional proposto pela Organização das Nações Unidas, em 2015, estabeleceu que as emissões globais deveriam ser zeradas até 2050, o chamada net zero. Ele envolve a eliminação ou a compensação das emissões indiretas geradas por toda a cadeia produtiva, dos fornecedores aos clientes finais.
Nesse texto vamos falar do processo de descarbonização, especificamente, da indústria: como está sendo feito, quais as opções encontradas e os desafios que o setor encontra. Confira!
Descarbonização da indústria
Para alcançar o objetivo net zero, uma série de desafios se impõem e colocam toda a sociedade para encontrar saídas e maneiras, implantando uma grande variedade de medidas.
Na indústria, a descarbonização envolve, principalmente, a mudança da matriz energética dos combustíveis fósseis para opções renováveis, além de uma mudança profunda de processos industriais.
Para alguns setores da indústria, essa transição é difícil e custosa. Os setores de aço e cimento respondem, juntos, por aproximadamente 14% das emissões globais de CO2 e a 47% das emissões da indústria.
Para a descarbonização, sugere-se a instalação de equipamentos para captura e sequestro de CO2 (CCS) ou a mudança de processos e combustíveis que tenham zero ou baixa emissão, como o hidrogênio. A estimativa é que os custos de produção em ambos os setores aumentem em mais de 30% até 2050, em comparação com os dias atuais.
Descarbonização na siderurgia
A indústria siderúrgica está entre as três principais contribuintes para o CO2, sendo que mais de 70% da emissão dos gases se deve ao uso de carvão como combustível e redutor.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou o uso do hidrogênio como uma das mais promissoras soluções energéticas do futuro, e uma das poucas opções para a redução de emissões na siderurgia. Porém, para determinar o sucesso do uso dessa tecnologia será a disponibilidade de hidrogênio em nível econômico e em escala.
O primeiro passo que está sendo dado pela indústria siderúrgica está focado na redução de emissões e no reaproveitamento do aço. A descarbonização também pode ocorrer a partir do aumento do uso de sucata e eletricidade livre de carbono.
Com as mais recentes regulamentações, aliadas ao compromisso de alguns governos para reduzir as emissões de CO2, muitas siderúrgicas estabeleceram metas altas de descarbonização nos próximos anos. Então, o caminho começa a ser trilhado agora, adotando as medidas possíveis para que no futuro seja possível acompanhar o net zero na indústria do aço.
Descarbonização na indústria do cimento
Assim como a siderurgia, a indústria do cimento é uma das principais fontes de emissões de CO2, além de ser o segundo produto mais consumido no mundo. Só com esse cenário já dá para imaginar o tamanho do desafio que essa indústria enfrenta para reduzir as emissões e atingir a descarbonização no tempo pretendido.
Soma-se a isso, o fato de que a maioria das suas emissões resulta do inevitável processo químico conhecido como calcinação. Descarbonizar o cimento pode não ser possível em larga escala por muitos anos.
Pesquisa do McKinsey sugere que a indústria, a princípio, conseguiria reduzir a sua emissão de 2017 em mais de três quartos até 2050. As análises apontam que apenas uma pequena parcela virá de avanços operacionais, enquanto o restante deverá vir de inovação tecnológica e novos horizontes de crescimento.
Apesar da complexidade do desafio, surgem algumas possibilidades para a indústria. A mais promissora em curto prazo para a descarbonização é a utilização de materiais como cinzas volantes da indústria de carvão, restos pra produção de ferro e argila calcinada, para substituir parte do tipo de cimento mais utilizado em misturas de concreto, conhecidos como materiais cimentícios suplementares.
Enquanto outros pesquisadores sugerem uma medida que pode reduzir as emissões em mais de 45%: a adoção de cimento de argila calcinada de calcário.
O grande desafio para a descarbonização da indústria, como pudemos notar, é encontrar soluções que sejam tecnológicas e economicamente viáveis de serem adotadas em larga escala. Sob pressão de investidores financeiros e também do público para a questão da emissão de carbonos, o setor precisa buscar as alternativas que melhor se adequem, tendo em vista o prazo estipulado pelos acordos internacionais.
A busca pela descarbonização da indústria was originally published in economialimpa on Medium, where people are continuing the conversation by highlighting and responding to this story.